Especialista: citomegalovírus é perigoso para o feto; teste em gestantes é necessário

O citomegalovírus (CMV) é um dos vírus que pode causar danos ao feto e danos permanentes à saúde da criança, lembra o Dr. Tadeusz Issat, do Instituto Materno-Infantil de Varsóvia. No entanto, a maioria das gestantes na Polônia não faz o teste para CMV.
Somente nos últimos anos surgiram resultados de pesquisas que indicam a segurança e a eficácia do medicamento antiviral valaciclovir como um possível tratamento para citomegalovírus em gestantes. Um ensaio clínico está em andamento no Instituto Materno-Infantil, no qual especialistas estão avaliando se o uso de uma dose menor desse medicamento reduzirá o risco de transmissão do vírus para o feto.
O citomegalovírus (CMV) é um vírus do herpes que infecta a maioria das pessoas na infância. Em indivíduos saudáveis, geralmente é assintomático. O problema surge quando a mulher tem contato com o vírus pela primeira vez durante a gravidez (conhecida como infecção primária na gravidez). Nesse caso, especialmente se a infecção ocorrer no primeiro trimestre, existe o risco de o vírus atravessar a placenta e infectar o feto.
O CMV é transmitido pelo contato com saliva, urina e outras secreções – mais frequentemente no ambiente doméstico, por exemplo, de uma criança que frequenta o jardim de infância ou creche.
A infecção em gestantes pode ser assintomática ou apresentar sintomas inespecíficos típicos de um resfriado leve, como linfonodos inchados, coriza, tosse, dor nas articulações ou febre. "Essa infecção é muito comum, mas negligenciada nos cuidados perinatais. A infecção primária por CMV durante a gravidez pode ter consequências muito graves para a saúde da criança", enfatizou o Dr. Tadeusz Issat, chefe da Clínica de Obstetrícia e Ginecologia do Instituto Materno-Infantil de Varsóvia, citado em um comunicado à imprensa enviado à PAP. As complicações da infecção fetal por CMV incluem perda auditiva, danos cerebrais e distúrbios neurológicos, epilepsia e atraso no desenvolvimento motor pós-traumático (incapacidade permanente).
Na Polônia, até 2.500 bebês nascem com citomegalovírus congênito (CMV) a cada ano. A maioria das infecções permanece sem ser detectada durante a gravidez. Isso se deve, em parte, ao fato de o teste de CMV para gestantes não ser obrigatório nem reembolsado em nosso país, embora os especialistas acreditem que o risco de infecção seja maior do que, por exemplo, a toxoplasmose.
O baixo interesse em incorporar o teste de CMV ao diagnóstico padrão de gravidez pode ter sido devido à falta de tratamento eficaz por muitos anos, afirmou o comunicado à imprensa. Gestantes diagnosticadas com infecção por CMV "não tinham opções terapêuticas ou foram, e continuam sendo, encaminhadas para terapia cuja eficácia não foi comprovada".
O Instituto Materno-Infantil está atualmente conduzindo um ensaio clínico, o POL PRENATAL CMV, que oferece testes gratuitos de CMV para mulheres com até 14 semanas de gestação. Se o resultado indicar uma infecção primária recente, a paciente também poderá ser elegível para tratamento antiviral gratuito com valaciclovir. A eficácia e a segurança do tratamento são monitoradas.
"Como parte de um ensaio clínico, estamos avaliando o uso de valaciclovir, um medicamento antiviral não rotineiramente usado em obstetrícia. Estamos investigando se uma dose menor pode ser usada em casos de infecção primária por citomegalovírus, o que será seguro para gestantes e, ao mesmo tempo, reduzirá o risco de transmissão do vírus para o feto", explicou o Dr. Issat.
Isso é importante porque o tratamento atualmente não é reembolsado e os custos do tratamento com doses padrão são altos. Se uma dose menor de valaciclovir se mostrar igualmente eficaz, o tratamento será mais acessível.
Este é o primeiro programa desse tipo na Polônia e o segundo no mundo a oferecer não apenas diagnóstico, mas também tratamento. Especialistas esperam que, se o estudo for bem-sucedido, possa contribuir para mudar os padrões de atendimento perinatal, permitindo a detecção precoce da infecção por CMV e uma intervenção eficaz durante a gravidez.
"Graças ao nosso programa, as mulheres podem ser diagnosticadas e tratadas antes que ocorram danos ao feto em desenvolvimento. Mas isso ainda não é suficiente — mudanças sistêmicas são necessárias", enfatizou o Dr. Issat. Isso inclui a introdução do teste de CMV nos diagnósticos de rotina para gestantes, como os testes de HIV ou toxoplasmose. Esse teste simples, seguido de tratamento, pode reduzir riscos graves à saúde da criança.
Magdalena foi a primeira paciente a receber valaciclovir como parte do estudo POL PRENATAL CMV. Ela foi diagnosticada com infecção por CMV na 10ª semana de gestação. Graças ao tratamento, seu filho, Jaś, nasceu saudável.
Especialistas acreditam que o conhecimento sobre o CMV deve fazer parte da educação pré-natal. O CMV é um dos vírus mais comuns que representam uma ameaça ao feto. Apesar disso, a conscientização sobre os riscos de contrair esse vírus durante a gravidez permanece muito baixa, tanto entre pacientes quanto entre médicos.
O projeto POL PRENATAL CMV é financiado publicamente pela Agência de Pesquisa Médica. O estudo é direcionado a mulheres adultas no início da gravidez com anticorpos contra CMV confirmados. Mais informações sobre o estudo podem ser encontradas em szkoleniacmv.pl. (PAP)
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