Saúde. Quando o consumo de óxido nitroso causa explosões em incineradores de resíduos

Explosões de cilindros de óxido nitroso, ou "gás hilariante", estão aumentando em incineradores, consequência do crescente uso recreativo, lamentaram profissionais de tratamento de resíduos nesta quinta-feira. Esse gás é normalmente usado na culinária, por exemplo, em batedores de chantilly. Mas também está sendo usado recreativamente, principalmente entre adolescentes e jovens adultos, cujas consequências neurológicas podem ser graves e duradouras. As intoxicações relacionadas a esse uso indevido estão aumentando, informaram autoridades de saúde em abril passado.

"O número de explosões registradas no primeiro semestre de 2025 já supera o observado em todo o ano de 2024, confirmando o agravamento contínuo deste problema", afirmou a União Nacional para o Tratamento e Valorização de Resíduos Urbanos e Similares (SVDU) em um comunicado à imprensa. Tanto que o fenômeno se tornou "a principal fonte de indisponibilidade no tratamento de resíduos domésticos", bem como uma "ameaça crescente às instalações e seus operadores", segundo a SVDU.

A frota francesa de cerca de 110 incineradores sofreu cerca de "250 paralisações relacionadas a explosões de cilindros de óxido nitroso" no primeiro semestre de 2025, disse o presidente da SVDU, Grégory Richet, à AFP. Este é o mesmo número de todo o ano de 2024, que já era o triplo do número de 2022, disse ele. Esse aumento pode ser explicado, segundo Richet, tanto pelo aumento da "frequência das explosões" quanto pela sua intensidade, com cilindros cada vez maiores. Ele estima as consequências financeiras para os profissionais em cerca de € 30 a € 40 milhões para 2025.

Para conter o fenômeno, os profissionais pedem a instalação de uma válvula de segurança nos cilindros em toda a Europa e a proibição da venda a particulares em toda a UE. Na França, os senadores votaram em março pela criminalização do uso indevido de óxido nitroso, mas sem chegar ao ponto de proibir completamente sua venda a particulares, como os parlamentares já haviam feito. O futuro da legislação dependerá das negociações entre as duas câmaras, onde dois textos concorrentes estão atualmente em análise. "Esses incidentes representam uma séria ameaça à segurança do pessoal operacional, com alto risco de ferimentos graves", enfatizam os profissionais, que pedem campanhas de conscientização pública.