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Licença menstrual rejeitada por tribunal de Estrasburgo: "Na ausência de lei, as mulheres continuarão a sofrer em silêncio no trabalho"

Licença menstrual rejeitada por tribunal de Estrasburgo: "Na ausência de lei, as mulheres continuarão a sofrer em silêncio no trabalho"

Entrevista por Léane Madet

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Desde setembro de 2024, sessenta e sete autoridades municipais se beneficiaram da licença médica ginecológica introduzida pelo município e pela Eurometrópole de Estrasburgo.

Desde setembro de 2024, sessenta e sete funcionárias municipais se beneficiaram da licença médica ginecológica introduzida pelo município e pela Eurometrópole de Estrasburgo. UTE GRABOWSKY / DPA PICTURE-ALLIANCE VIA AFP

Entrevista: O tribunal administrativo anulou na terça-feira a "licença ginecológica" implementada pela região metropolitana da Alsácia. Para o senador socialista Laurence Rossignol, na ausência de uma lei específica, esta decisão administrativa destaca a necessidade urgente de alterar o quadro jurídico.

Na terça-feira, 24 de junho, o Tribunal Administrativo de Estrasburgo anulou a "licença ginecológica" anual de treze dias para mulheres que sofrem de dores menstruais, endometriose ou sintomas da menopausa. A licença havia sido introduzida para funcionárias municipais em setembro passado pelo município e pela Eurometrópole de Estrasburgo. Sessenta e sete delas já se beneficiaram. No entanto, o tribunal decidiu a favor da prefeitura de Bas-Rhin, que havia contestado o programa por falta de enquadramento legal.

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Uma decisão que não surpreende a senadora socialista Laurence Rossignol. Foi justamente para preencher essa lacuna jurídica que uma lei, da qual ela foi relatora e fervorosa defensora, foi proposta no ano passado pela senadora socialista Hélène Conway-Mouret. Mas foi rejeitada pelo Senado em fevereiro de 2024. E desde então, como aponta Laurence Rossignol, nem as autoridades locais nem o setor privado tiveram base legal para adaptar as condições de trabalho para funcionárias incapacitadas por dores crônicas de origem ginecológica. Entrevista.

Esse resultado legal era previsível?

Laurence Rossignol : Com certeza. O prefeito é responsável por exercer o controle de legalidade. Ao anular as deliberações da Câmara Municipal de Estrasburgo, mesmo sem base legal, ele está plenamente dentro de seu papel. No entanto, aqueles que não assumiram a responsabilidade foram os parlamentares que, em fevereiro de 2024, rejeitaram o projeto de lei do Senado que visava criar um sistema de licença médica mais adequado às situações de mulheres que sofrem de dismenorreia – dores menstruais recorrentes e frequentemente incapacitantes. O prefeito, assim como o tribunal administrativo, não pode ignorar a falta de base legal: é precisamente por isso que uma reforma da lei é necessária.

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Qual é o próximo passo na luta por uma melhor consideração da dor ginecológica no trabalho?

Diante desse vácuo legal, cabe agora ao governo lidar com essa questão, pois a dismenorreia constitui uma verdadeira questão de igualdade profissional. Enquanto não houver uma maioria parlamentar comprometida em conceder essa licença às mulheres, a situação não mudará, e as mulheres continuarão a sofrer em silêncio no trabalho. No setor privado, empregadores e empregados às vezes se veem recorrendo a arranjos informais — mas isso continua sendo um trabalho malfeito. E isso é profundamente injusto, porque nem todas as mulheres se beneficiam disso.

O que está bloqueando a adoção de tal lei?

O custo, obviamente. Um dos principais problemas dessa lei seria a eliminação do período de carência, completamente inadequado em casos de patologias menstruais recorrentes e crônicas. O tema da endometriose, por exemplo, que ganhou visibilidade na esfera pública nos últimos anos, tem destacado a incapacidade temporária para o trabalho que essa condição causa. E também seu impacto econômico, já que esses dias de carência pesam nos salários das funcionárias doentes. Uma licença adequada, que não exija consulta médica mensal, é essencial hoje.

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Entrevista por Léane Madet

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