Enfermeiros da ULS Algarve alertam que sobrecarga está a afetar cuidados

Os enfermeiros da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve estão sobrecarregados devido à falta de profissionais e responsabilizam a administração pela degradação das condições laborais e as consequentes implicações na segurança dos cuidados prestados.
“Estimamos que faltam na região 1500 enfermeiros, de acordo com o Regulamento das Dotações Seguras da Ordem dos Enfermeiros. A carência de enfermeiros tem-se agravado nos últimos anos, com implicações diretas na qualidade e segurança dos cuidados prestados à população e na saúde física e mental dos enfermeiros”, reportou o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) em comunicado.
A falta de profissionais e a sobrecarga de trabalho a que estão sujeitos os enfermeiros ao serviço na ULS do Algarve – que gere os hospitais de Faro, Portimão e Lagos e serviços de urgência básica na região – pode levá-los “a pedir escusa de responsabilidade”, avisou a estrutura sindical.
Caso os enfermeiros peçam escusa de responsabilidade, será a administração da ULS e, “em última análise, o Ministério da Saúde” a serem responsabilizados pela “ausência de medidas que minimizem o problema”.
“É recorrente os enfermeiros terem que seguir turnos para colmatar a ausência de outros que, por problemas de saúde, se viram na contingência de, justificadamente, se ausentar por baixa médica”, exemplificou o sindicato, afirmando que os enfermeiros sentem o impacto da sobrecarga laboral na sua saúde.
Rácio enfermeiros/habitantes
O SEP comparou o rácio previsto pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que é de nove enfermeiros para cada mil habitantes, com o de Portugal, que tem 7,9, e com o da ULS Algarve, que tem “apenas 4,8 enfermeiros para cada mil habitantes”.
Há serviços da ULS do Algarve onde “deveriam estar 11 enfermeiros numa manhã” e “apenas estão 7 a 8”, sendo que o número de 11 “está abaixo das Dotações Seguras”, e há situações em que “cinco enfermeiros asseguraram cuidados a 40 doentes internados”, ilustrou o sindicato.
“Nos turnos da tarde e noite, estes rácios são ainda mais preocupantes” e lamentou a “falta de recursos materiais fundamentais ao exercício profissional”, que causa “forte impacto na prestação de cuidados, na dignidade dos doentes e na responsabilidade ética e legal dos enfermeiros”.
Os enfermeiros da ULS do Algarve “recusam-se a banalizar o risco de erro por excesso de trabalho e pela falta de condições”, mas rejeitam ser “cúmplices da deterioração” do Serviço Nacional de Saúde e “recusam trabalhar em condições que também violem os princípios de segurança, qualidade e dignidade profissional” que a administração hospitalar não está, segundo o sindicato, a conseguir assegurar.
Jornal do Algarve