PFAS: Panelas de Teflon são "seguras"? SEB é alvo de denúncia por "prática comercial enganosa"

O grupo SEB e sua subsidiária Tefal são alvo de uma denúncia de ONGs que os acusam de "práticas comerciais enganosas" por terem afirmado que suas panelas de Teflon eram " seguras ", anunciaram as associações na quinta-feira.

A denúncia, apresentada pela France Nature Environnement (FNE), Générations Futures e a Associação de Cidadãos e Consumidores Seculares (ACLC), diz respeito a uma campanha publicitária que remonta a 2024 e a uma comunicação no site da marca Tefal. A denúncia foi enviada ao Ministério Público de Paris na manhã de quarta-feira, informou a FNE à AFP.

Ao " garantir que os revestimentos antiaderentes de suas panelas sejam reconhecidos como seguros por conterem PTFE (politetrafluoretileno, outro nome para Teflon, nota do editor) e não PFOA ", outros PFAS ("poluentes eternos") proibidos, o grupo " deixa de mencionar o risco de substâncias serem liberadas no meio ambiente devido ao uso de PTFE, durante todo o ciclo de vida do produto, bem como os riscos à saúde ao usar as panelas da marca ", argumentam as associações em um comunicado à imprensa.

" É inaceitável comunicar desta forma quando a saúde da população, em particular dos trabalhadores, e o meio ambiente estão em jogo. A Tefal deve ser responsabilizada e sancionada ", protesta Anne Roques, advogada da FNE. Para fundamentar a queixa, as associações se baseiam na Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), uma agência da ONU, que concluiu que "não há dados suficientes para classificar o PTFE como cancerígeno, mas não comenta a ausência de carcinogenicidade ou o fato de o PTFE ser seguro ".

Questionado pela AFP em abril de 2024, o IARC se recusou a comentar as alegações do SEB sobre a segurança do Teflon, " devido à idade " de suas avaliações. As ONGs também citam um estudo de novembro de 2023 na Coreia do Sul que " mostra que as micropartículas de PTFE causam efeitos nocivos à saúde, como inflamação ".

Em abril de 2024, os parlamentares adotaram um projeto de lei ambiental com o objetivo de restringir a fabricação e a venda de produtos que contenham PFAS, ou "poluentes eternos", mas excluindo utensílios de cozinha, após forte apoio de fabricantes, incluindo a Tefal. O texto final, promulgado em fevereiro de 2025, mantém essa exclusão.

Presentes em uma infinidade de objetos do cotidiano, as substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas, ou PFAS, que chegam aos milhares, devem seu apelido de "poluentes eternos" à sua capacidade de se acumular e persistir em ambientes naturais e nos organismos dos seres vivos, e aos seus efeitos tóxicos cientificamente comprovados no meio ambiente e na saúde.