"Desvendando o sistema social": rumo a uma mobilização social dos profissionais de saúde no início do ano letivo?

Profissionais de saúde nas ruas para o início do ano letivo? Após a reportagem do Les Echos de que a Ministra do Trabalho, Astrid Panosyan-Bouvet, quer adiar a data em que o seguro saúde começa a cobrir licenças médicas, alguns especialistas estão se manifestando.
É o caso do médico Jérôme Marty, colunista da RMC e presidente do sindicato médico Union française pour une médecine libre (UFMLS). No set de Les Grandes Gueules, nesta terça-feira, 22 de julho, ele criticou a ideia de Astrid Panosyan-Bouvet de aumentar o período de espera de três dias no setor privado para sete.
Na prática, essa ideia significa maior cobertura por parte das empresas e suas seguradoras, ou nenhuma remuneração para funcionários sem um acordo com a empresa.
"Pequenas empresas vão ser abatidas. Imagine uma empresa com dois funcionários, um dos quais adoece, e o gerente é quem vai pagar pelos sete dias de licença médica. É um golpe duplo. Alguém falta, a empresa fica menos produtiva e cabe ao chefe pagar, que não terá escolha a não ser demitir o funcionário e trabalhar sozinho, gerando desemprego", explica Jérôme Marty.

"Sejamos trabalhadores de hospitais ou do setor liberal, estamos fartos de ver nosso sistema social sendo desmantelado. Estamos planejando uma marcha silenciosa pela saúde em setembro. E posso garantir que haverá muita gente lá", diz Jérôme Marty.
"Não podemos mais tolerar que os pacientes sejam levados a se sentir culpados ou responsabilizados por suas doenças", relembrando o apelo do primeiro-ministro François Bayrou para que "os pacientes sejam responsabilizados".
Sobre o aumento das licenças médicas , especialmente por períodos longos de 18 meses ou mais, Jérôme Marty cita novamente François Bayrou, que descreveu essas ausências como "inexplicáveis". "É um ataque ao seguro de saúde. Não conheço um único paciente afastado do trabalho por dezoito meses que não tenha consultado seu orientador médico (os especialistas médicos do Seguro de Saúde, nota do editor) duas ou três vezes [durante esse período]", acrescenta o reitor da UFMLS.
Quanto às licenças médicas de curta duração, ele atribui seu aumento ao aumento das teleconsultas, que tornam "mais fácil" obter licenças médicas. Segundo o médico, pacientes jovens que ingressaram recentemente no mercado de trabalho também sofrem com relacionamentos difíceis com a empresa (gerência, falta de pessoal, etc.).
"É por isso que pedimos que o formulário digital de licença médica incluísse uma caixa com o rótulo 'solicitação de orientação do consultor médico' ou 'solicitação de orientação do médico do trabalho', para ser marcada e direcionada ao paciente, se necessário. Mas o Fundo [do Seguro de Saúde] nos diz que não há médicos do trabalho suficientes", explica Jérôme Marty.
RMC