Manuel A. Baeza Bacab: A amamentação exclusiva deve ser priorizada

Instituída em 1992, a Semana Mundial da Amamentação é celebrada de 1 a 8 de agosto, organizada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA) com o apoio da OMS e da UNICEF. Este ano, assim como em 2020, o tema e os objetivos estão alinhados com o meio ambiente e as mudanças climáticas: "Priorizar a amamentação. Construir sistemas de apoio sustentáveis".
Para atingir os objetivos da Semana Mundial da Amamentação 2025, foram propostas as seguintes estratégias:
Promover ações para conectar sistemas de apoio à amamentação para contribuir para um ambiente mais sustentável.
Informar as pessoas sobre seu papel na construção de ambientes favoráveis e sustentáveis para a amamentação.
Interaja com indivíduos e organizações para melhorar a colaboração e o apoio à amamentação.
Fortalecer o apoio contínuo à amamentação como um componente vital para a criação de um ambiente sustentável.
Nesse sentido, um sistema de apoio à amamentação sustentável deve envolver toda a família, especialmente os pais, e a sociedade em geral, para garantir que cada mãe tenha um ambiente de apoio e os recursos necessários para amamentar seu bebê com sucesso.
Lembrando que, segundo recomendação da OMS, o aleitamento materno deve ser exclusivo nos primeiros seis meses de vida, seguido da introdução de alimentos complementares, e a amamentação deve continuar por dois anos ou mais, de acordo com a vontade da mãe e do bebê.
Isso envolve a construção de um sistema que ofereça apoio contínuo antes, durante e após o parto. As mães precisam de ajuda para lidar com os desafios da amamentação, incluindo o retorno ao trabalho e o marketing na indústria alimentícia. O sistema deve se basear na continuidade, inclusão e integração de todos os indivíduos e estruturas sociais e políticas.
Alguns anos atrás, o falecido e renomado hematologista pediátrico Dr. Frank Oski, especialista em anemia ferropriva, recomendou o leite materno para sua prevenção e chamou a atenção para o abandono dessa forma de alimentação, que ele chamou de "produto dos sonhos" que poderia alimentar e imunizar todas as crianças da Terra, estava amplamente disponível, não exigia armazenamento ou entrega, ajudava as mães a planejarem suas famílias e reduzia o risco de câncer — mas o mundo se recusava a usá-lo.
O comentário anterior referia-se à observação de que, no início deste século, a amamentação estava corroída, já que em 2012, no México, apenas 14,2% das mães amamentavam exclusivamente durante os primeiros seis meses de vida. Hoje, os dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (Ensanut) indicam que esse percentual aumentou para 34,2%. No entanto, essa melhora, embora desejável, é insuficiente, pois apenas um em cada três bebês recebe os benefícios do leite materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida, a fase mais importante para o crescimento e desenvolvimento infantil.
Além disso, outra observação foi que o aleitamento materno exclusivo era mais comum em áreas urbanas do que em áreas rurais (35,4% vs. 28,9%), algo que é particularmente impressionante, já que por muitos anos o aleitamento materno foi um ponto forte nas áreas rurais.
Como sabemos, o leite materno não é apenas o alimento ideal para recém-nascidos e bebês, mas também oferece inúmeros fatores bioativos que protegem tanto o bebê quanto a mãe. Diversos estudos têm destacado os benefícios do leite materno. Em crianças, ele pode prevenir o desenvolvimento de doenças infecciosas, alérgicas e autoimunes, bem como obesidade, diabetes e outras doenças causadas pela má nutrição. Em mulheres, pode prevenir depressão pós-parto, doenças cardiovasculares, diabetes e câncer de mama e ovário, entre outros benefícios para o casal.
Por todos os motivos acima, é muito importante restabelecer a cultura do aleitamento materno. Por isso, precisamos recuperá-la, oferecendo aos nossos filhos não apenas a melhor alimentação, mas também uma alimentação sempre pronta, na temperatura ideal, e que estabeleça um vínculo de amor mãe-filho para toda a vida: "Eu nunca te deixarei, eu sempre te amarei."
Devemos lembrar que os bebês nascem com imaturidade imunológica do desenvolvimento, o que aumenta sua morbidade e mortalidade nos vulneráveis primeiros anos de crescimento. No entanto, a sábia natureza criou um alimento maravilhoso, o leite materno, que não só proporciona proteção imunológica passiva, como também promove a maturação do sistema imunológico dos bebês. Estima-se que a amamentação universal poderia prevenir a morte de 820.000 crianças menores de 5 anos e a morte de 20.000 mulheres por câncer de mama a cada ano em todo o mundo.
Também não podemos esquecer as lições aprendidas com a pandemia de COVID-19. Uma delas foi que o leite de mulheres que contraíram a doença e/ou foram vacinadas continha anticorpos protetores por até seis meses, além de outros componentes como lactoferrina, alfa-lactalbumina e mucinas, que impediam inatamente a entrada do vírus nas células e sua replicação.
Por fim, é importante ressaltar que o leite materno é o padrão ouro para a alimentação de recém-nascidos e bebês e não pode ser substituído por fórmulas infantis. A utilização do leite materno se recuperou, mas ainda é insuficiente, exigindo o trabalho colaborativo da sociedade civil, instituições educacionais e agências governamentais para restaurá-la e fornecer aos bebês a melhor alimentação para seu crescimento e desenvolvimento.
Especialista em Imunologia Clínica e Alergia. Secretário da Academia Mexicana de Pediatria.
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