Em meio à crise sistêmica por falta de recursos, o Ministério da Saúde deve criar 535 novos cargos na entidade.

Em meio a uma grave crise financeira que coloca o sistema de saúde colombiano em crise, o Ministério da Saúde estaria trabalhando para criar 535 novos cargos administrativos como parte de uma reorganização institucional, o que custaria à entidade US$ 74,19 bilhões de pesos anualmente. Isso, de acordo com uma denúncia apresentada por Andrés Forero, deputado federal pelo partido Centro Democrático.

Andrés Forero, representante do Centro Democrático. Foto: Sérgio Acero. O TIEMPO
O parlamentar revelou uma petição na qual o vice-diretor de Gestão de Talentos Humanos do Ministério da Saúde, Cristhian Abello, explicou que, com base nas "necessidades identificadas e limitações orçamentárias", está sendo proposto um processo de reorganização institucional que exigiria a contratação de 462 pessoas para o Ministério da Saúde e 73 para o Fundo Nacional de Entorpecentes.
Conforme relatado anteriormente, o processo de redesenho institucional e formalização trabalhista ainda não possui documentação técnica definitiva, pois não foi totalmente estruturado. No entanto, já foi aprovado pela Secretaria Administrativa da Presidência da República (Dapre).
Foi formulada uma proposta que, como observado, pode estar sujeita a alterações, visto que ainda se encontra em fase técnica de consolidação documental. Não obstante o exposto, constata-se que estão previstos 462 novos cargos para o Ministério e 73 novos cargos para o Fundo Nacional de Entorpecentes (FNE), totalizando 535 cargos adicionais na carreira administrativa. O custo estimado (que pode estar sujeito a alterações) dos cargos adicionais priorizados é de US$ 66.299.771.626 para o Ministério e US$ 7.890.831.173 para o FNE, representando um total de US$ 74.190.602.799", afirma a resposta fornecida por Abello.

Direito de petição revelado pelo deputado Andrés Forero. Foto: Andrés Forero
Nesse sentido, Forero, um dos parlamentares que mais supervisionou a crise sanitária na Sétima Comissão da Câmara dos Deputados, descreveu o projeto de lei como um "banquete burocrático" que ignora a crise atual do setor. "Na pior crise sanitária da história recente do país, (o Ministro) Guillermo Alfonso Jaramillo pretende criar 535 novos cargos de carreira administrativa. Esse banquete burocrático custaria US$ 74,19 bilhões por ano. O governo não tem dinheiro para medicamentos, mas tem dinheiro para clientelismo e politicagem", afirmou Forero.
Em resposta, vários especialistas e partes interessadas no sistema de saúde questionaram a intenção de aumentar os gastos com mais empregos para o Ministério em um momento crítico, quando o Tribunal Constitucional decidiu que a Unidade de Pagamento por Capitação (UPC) - criada pelo Governo - está subfinanciada, enquanto hospitais e clínicas estão relatando atrasos nos pagamentos das EPSs, com um aumento na carteira daqueles atualmente sob o controle da Supersalud (Superintendência de Saúde da Saúde), que, apesar de administrar várias dessas empresas privadas há mais de um ano, não conseguiu melhorar seus indicadores; pelo contrário, eles vêm declinando.

Guillermo Alfonso Jaramillo, Ministro da Saúde. Foto: Ministério da Saúde
Um dos primeiros a se manifestar foi Andrés Vecino, especialista em sistemas de saúde e economia da saúde, que também destacou que, dos 405 novos cargos permanentes de nível profissional, segundo os dados, 168 são de "profissional universitário", o nível mais baixo para uma instituição técnica. "Eles estão transformando o sistema de saúde em um centro de empregos. O Ministério da Saúde está reorganizando a instituição para garantir seus seguidores além de 2026", afirmou Vecino.
Por sua vez, a Federação Colombiana de Doenças Raras afirmou que esta decisão reflete o fato de que "não há dinheiro para salvar vidas, mas há dinheiro para expandir os consultórios" e pediu que a assistência médica não fique em segundo plano e que os pacientes, e não a burocracia, sejam priorizados.
“Muito seriamente, enquanto pacientes morrem, o governo propõe 535 novos cargos administrativos, no valor de US$ 74,19 bilhões por ano. Em meio a uma crise no sistema de saúde — sem medicamentos, com hospitais sobrecarregados e pacientes sem atendimento —, o Ministério da Saúde, Guillermo Alfonso Jaramillo, prioriza o aumento de sua equipe burocrática. Os recursos são escassos, mas são alocados para o crescimento interno do Ministério. Este é um investimento de campanha, não um investimento em pacientes”, alertou a organização.
A grave situação da saúde No 31º Fórum Andi de Saúde, realizado na semana passada em Cartagena, o presidente da associação, Bruce Mac Master, enfatizou que o setor privado está "preocupado e angustiado" com os números registrados. De acordo com o que foi revelado na reunião, um dos dados mais importantes é o aumento da taxa de acidentes da Unidade de Pagamento Per Capita (UPC), que ultrapassou 105,1% em 2024. Em outras palavras, os pacientes estão gastando 5,1% a mais do que cada colombiano paga por seus cuidados de saúde, deixando um passivo que afeta o funcionamento do sistema.
Por outro lado, o Estado não estaria pagando, aumentando o passivo do país com o EPS, que passou de US$ 2,2 trilhões em 2021 para mais de US$ 9 trilhões de pesos em 2024. Soma-se a isso uma deterioração generalizada na carteira de pagamentos em toda a cadeia de valor do sistema de saúde. As Instituições Prestadoras de Serviços de Saúde (IPS), por sua vez, passaram de uma carteira de pagamentos em atraso de US$ 1,7 trilhão em 2022 para US$ 3,6 trilhões em 2025.

O Fórum de Saúde Andi foi realizado em Cartagena de 18 a 20 de junho. Foto: Andi
Ao mesmo tempo, o número de PQRD (Petições, Reclamações, Reclamações e Relatórios) de usuários disparou: de 996.733 em 2021 para mais de 1,7 milhão em 2024. Nos primeiros três meses de 2025, já foram registradas 488.863 reclamações, o que confirma uma grave crise humanitária no acesso e na qualidade dos serviços, onde os principais motivos estão relacionados a atrasos em consultas, procedimentos e suprimentos médicos.
Nesse sentido, Mac Master foi claro ao destacar que há preocupação entre diversas partes interessadas com a situação. Por isso, este ano, parte do Fórum de Saúde Andi foi dedicada à realização de workshops nos quais as partes interessadas do sistema e especialistas propuseram ações urgentes a serem implementadas. “A ideia é que nos sentemos e desenvolvamos soluções. Estamos preocupados? Sim. Estamos ansiosos? Sim. Mas não podemos parar por aí. Nossa tarefa é tentar fazer a Colômbia avançar”, acrescentou o líder sindical.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
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